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''Teatro de Contêiner e Prefeitura de São Paulo: impasse milionário trava acordo''

Impasse milionário trava acordo para transferência do Teatro de Contêiner



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 Teatro de Contêiner- Foto: Divulgação




A Cia. Mungunzá de Teatro aceitou o terreno oferecido pela Prefeitura de São Paulo para a transferência do Teatro de Contêiner, localizado na Rua Helvétia, 807, garantindo a permanência do equipamento cultural na região central da cidade.


No entanto, o grupo afirma não possuir os recursos necessários para a desmontagem, o transporte e a remontagem da estrutura.


“Desde o início das negociações, deixamos claro à Prefeitura que não teríamos condições de arcar com essa operação e que os custos precisariam ser assumidos pela Gestão Municipal”, afirma Marcos Felipe, integrante da Cia. Mungunzá.


Apesar disso, a Prefeitura ofereceu apenas R$ 100 mil para a mudança — valor que corresponde a cerca de 5% do orçamento estimado pela própria gestão, que calculou aproximadamente R$ 2 milhões para a execução completa dos serviços.


A Cia. também afirma que, ao longo dos últimos meses, participou de diversas reuniões com representantes da Gestão Municipal, mas sempre, sem a presença do Secretário Municipal de Cultura, Totó Parente.


Segundo o grupo, esses encontros foram conduzidos, em sua maioria, de maneira a reforçar o poder jurídico e político da Prefeitura, sem abertura real para negociação. O prefeito Ricardo Nunes, de acordo com os integrantes, nunca demonstrou sensibilidade diante do trabalho desenvolvido pelo Teatro de Contêiner nem de sua importância para a cidade.


Pedidos considerados essenciais pela Cia. foram recusados: “Solicitamos o acréscimo de 400 m² ao lote oferecido, para que o espaço incluísse também uma praça pública. Pedimos que o novo equipamento fosse integrado aos programas municipais PIA (Programa de Iniciação Artística) e Vocacional. Pedimos apoio da Prefeitura para a programação de reinauguração. Solicitamos ainda o fomento ao fornecimento de água e energia, para que esses custos não recaíssem sobre os grupos independentes que, historicamente, se apresentam no Teatro de Contêiner. Absolutamente tudo foi negado”, conclui Marcos Felipe.


Mesmo diante das negativas e dos sucessivos constrangimentos impostos pelo Poder Público, o grupo permaneceu empenhado em buscar uma solução. Além do impasse financeiro, outra questão é o tempo de cessão do novo terreno. A Cia. solicitou a cessão por 30 anos, período necessário para garantir a reconstrução de um projeto sólido, estável e de longo prazo. A Prefeitura, contudo, ofereceu apenas uma cessão precária de 2 anos, acompanhada do compromisso de enviar à Câmara Municipal um projeto de lei para ampliar esse prazo, sem qualquer garantia de aprovação.



O grupo também teve negado o pedido de uso do galpão adjacente ao terreno, essencial para o armazenamento de equipamentos e cenários durante a reconstrução do Teatro de Contêiner. Além disso, a Prefeitura recusou-se a assumir os custos relativos à transferência do equipamento.


Lucas Beda, gestor do Teatro de Contêiner, resume o clima das negociações: “A sensação que temos é de que a Prefeitura não quer resolver o problema, mas nos expor publicamente. Os agentes públicos que conduziram as reuniões não demonstraram o mínimo conhecimento sobre a área da Cultura, sobre o Teatro de Contêiner ou sua importância para a cidade. Fomos tratados, encontro após encontro, como infratores. É inconcebível receber uma oferta de cessão precária por apenas dois anos. Como estruturamos nosso trabalho com o risco de uma nova expulsão a qualquer momento? E como arcar com uma mudança estimada em dois milhões de reais, quando a Prefeitura nos oferece apenas cem mil?”


O grupo obteve uma liminar que garante a permanência no terreno atual até 25 de dezembro de 2025, prorrogando o prazo inicial determinado pela prefeitura para a desocupação. Após essa data, o futuro é incerto.


“Não temos recursos para a transferência. Se a Prefeitura não se sensibilizar com esse tema minimamente, se não nos chamar para construir uma solução justa para essa mudança, só nos resta esperar a polícia e os tratores para nos destruírem de forma sumária, para dar lugar a mais um prédio na cidade de São Paulo”, finaliza Marcos Felipe.



Sobre o Teatro de Contêiner


O Teatro de Contêiner Mungunzá é um dos projetos artístico-arquitetônicos mais inovadores do Brasil. Criado e gerido pela Cia. Mungunzá de Teatro, o espaço foi inaugurado em 2016 no bairro da Luz / Santa Ifigênia, região central de São Paulo, numa área historicamente marcada pela vulnerabilidade social, pelo abandono do poder público e por narrativas estigmatizadas.


Construído com 16 contêineres marítimos reutilizados, sua arquitetônica rompeu padrões ao entregar um equipamento cultural completo, sustentável e acessível, em um terreno antes abandonado.


Com quase uma década de atuação, o equipamento ofertou mais de 4000 atividades artístico-sociais para população de forma acessível e democrática, o que lhe rendeu diversos prêmios nacionais e internacionais e a alcunha de um dos teatros mais importantes do país.


Em maio de 2025 a Prefeitura de São Paulo solicitou o terreno utilizado pelo teatro para a suposta construção de habitação de interesse social. Sem apresentar alternativas qualificadas ao Teatro e com avanço autoritário e violento para o despejo do equipamento, o caso tomou grande reverberação midiática causando uma grande comoção na sociedade civil.


A Justiça concedeu uma liminar para permanecia do teatro até 25/12/2025.


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