Exibido em Cannes, novo longa de Patricia Mazuy será lançado pela Autoral Filmes no dia 7 de agosto.
Uma das diretoras francesas mais renomadas da atualidade, Patricia Mazuy aborda o encontro entre duas mulheres de classes sociais diferentes, mas que se conhecem ao visitar os maridos na prisão. "A Prisioneira de Bordeaux" ("La Prisionnière de Bordeaux"), exibido na Quinzena dos Realizadores em Cannes, faz sua estreia nos cinemas do Brasil no dia 7 de agosto de 2025, com distribuição da Autoral Filmes.
As cidades onde o filme entra em cartaz poderão ser conferidas em @autoral_filmes.
Isabelle Huppert interpreta Alma Lund, uma mulher de classe alta que vive sozinha desde a prisão do marido. Num dia de visita, conhece Mina Hirti (Hafsia Herzi), uma jovem mãe que foi visitar o companheiro, mas, por questões burocráticas, não poderá vê-lo e deve voltar no dia seguinte. Ela mora longe - em uma cidade a três horas de distância. Alma simpatiza com ela e oferece estadia em sua casa na cidade.
Começa aí uma amizade improvável, que toma contornos inesperados, num filme que discute classe e raça na França contemporânea, sem deixar de lado a posição da mulher dentro de uma sociedade patriarcal e preconceituosa.
Mazuy, em entrevista, aponta que o relacionamento entre essas duas mulheres é a força condutora da narrativa. "Eu sabia que a amizade delas teria que ser forte. Ela estava estabelecida no roteiro: Mina defende Alma quando as mulheres na sala de visitas querem silenciá-la, Alma convida Mina para sua casa", descreve a cineasta. "Mas esses atos por si só não criam uma amizade próxima. Trabalhamos nisso no set e na sala de edição, criando um equilíbrio entre as duas, mas elas estão interligadas porque, quando você está com uma delas, você quer ver a outra e vice-versa", conclui.
Para construir a tensão dentro dessa narrativa, a diretora aponta que o tempo que as duas personagens passariam juntas não poderia ser longo. "Limitei o tempo que elas passam juntos a menos de um mês, porque, caso contrário, a história teria parecido muito diluída. Tinha que ser concisa, porque não acontece muita coisa, especialmente para mim, já que geralmente gosto de filmes de ação", explica a realizadora de "Travolta e Eu" (1994). "Não queríamos sair do tempo real, queríamos estar firmemente no presente de cada cena, e que cada uma delas tivesse um senso de movimento. E que houvesse comédia, para que permanecesse viva e para que o filme não fosse didático, porque não há nada mais chato do que isso", acredita.
Huppert, que já havia trabalhado com Mazuy, em "Saint-Cyr" (2000), confessa que queria retomar a parceria com a diretora, uma das melhores em atividade, segundo a atriz. "Nos últimos anos, tenho gostado muito dos filmes dela, especialmente do último antes deste, 'Bowling Saturn', que eu acho uma pequena obra-prima", conta a protagonista de "Elle" (2016). "Há algo muito afiado e muito duro em sua visão de mundo, o que torna suas histórias muito interessantes, sejam elas mais dramáticas, mais cômicas, ou o que for, mas também há algo um pouco, digamos, muito político no sentido mais amplo da palavra, é claro", define.
Mazuy conta que buscou criar duas mulheres em pontas opostas para encontrar o equilíbrio do filme: "A personagem de Alma é paradoxal: ela tem tudo, mas não tem nada, tem tempo para fazer tudo, mas não tem nada para fazer. Ela está em um vazio absoluto. Mina está em uma solidão igualmente forte, mas de uma maneira diferente".
"Com um belo enredo labiríntico, a história de Alma e Mina é uma fábula moderna sobre bons samaritanos e pessoas bem-intencionadas, abastadas e privilegiadas. E nas mãos de duas atrizes que criam maravilhas com a fisicalidade que une seus personagens, este é o tipo de filme francês forte que te prende do início ao fim, até a cena final, vitoriosa e emocionante", escreve a revista Variety.
Serviço:
"A Prisioneira de Bordeaux" ("La Prisionnière de Bordeaux")
Estreia nos cinemas brasileiros dia 7 de agosto de 2025
Alma, sozinha em sua casa imensa, e Mina, mãe solteira de um conjunto habitacional em outra cidade, organizaram suas vidas em torno das visitas que fazem aos respectivos companheiros presos. Quando as duas mulheres se encontram na antessala da área de visitas, uma amizade improvável se inicia.
Ficha Técnica:
Direção: Patricia Mazuy
Elenco: Isabelle Huppert, Hafsia Herzi, Noor Elsari, Jean Guerre Souye, Julien William Edimo, Jana Bittnerova, Magne Havard Brekke, Lionel Dray, Robert Plagnol, Julia Vivoni, Lola Jehl
Produção: Alice Girard e Édouard Weil (Rectangle Productions), Xavier Plèche (Picseyes)
Coprodução: ARTE France Cinéma
Roteiro: Pierre Courrège, François Bégaudeau e Patricia Mazuy com a colaboração de Émilie Deleuze
Direção de Fotografia: Simon Beaufils
Montagem: Mathilde Muyard - Lma
Som: François Boudet, Jean Mallet, Nathalie Vidal
Direção de Arte: Dorian Maloine
Figurinos: Caroline Spieth
Trilha sonora: Amine Bouhafa
Duração: 1h48
Ano de Produção: 2024
Distribuição: Autoral Filmes
Sobre Patricia Mazuy
Patricia Mazuy, nascida em Dijon, França, em 1960, é uma cineasta francesa conhecida por seu trabalho independente e rebelde. Ela começou a se envolver com cinema através do cineclube da escola, onde desenvolveu sua paixão por westerns e filmes de suspense. Após estudar em uma escola de negócios, Mazuy mudou-se para Los Angeles, onde dirigiu um curta-metragem e conheceu Agnès Varda e Sabine Mamou.
Com o apoio de Varda e Mamou, Mazuy começou a trabalhar como assistente de direção e editora em filmes como "A Room in Town" (1982), de Jacques Demy, e "Vagabond" (1985), de Agnès Varda. Mais tarde, ela se dedicou à direção de seus próprios longas-metragens, como "Thick Skin" (1989).
Ao longo da sua carreira, Mazuy dirigiu vários filmes, incluindo "Saint-Cyr" (2000), "Basse Normandie" (2004), "Of Women and Horses" (2011), "Paul Sanchez Is Back!" (2018) e "Saturn Bowling" (2022). Seus filmes frequentemente exploram temas como a experiência da mulher e o retrato da sociedade francesa.
Mazuy é uma cineasta que se destaca pela sua estética única e pela forma como aborda os seus temas, sendo considerada uma das vozes mais interessantes do cinema francês
Sobre a Autoral Filmes
A Autoral Filmes, fundada no início de 2025, teve sua origem através dos sócios do Paradigma Cine Arte, Felipe Didoné e sua mãe Marize Didoné, que desde 2010 mantém a sala de cinema que é uma instituição cultural em Florianópolis (SC).
A Distribuidora vem do desejo dos sócios de ampliar as atividades no mercado do cinema, replicando na distribuição o mesmo conceito de filmes independentes e de arte que formam seu conceito na exibição.
Como seu nome deixa claro, a Autoral Filmes tem seu foco no cinema de autor e em documentários de arte, focando em produções escolhidas a dedo, tanto nacionais como estrangeiras, prezando sempre a alta qualidade dos filmes.
Para Felipe Didoné, diretor da distribuidora, "a Autoral Filmes é a realização de um sonho, de expandir os horizontes para além da distribuição, mantendo a curadoria elegante que sempre foi o diferencial do Paradigma Cine Arte".
A empresa estreia no mercado com dois lançamentos muito bem escolhidos no mercado de cinema de Berlim deste ano. O primeiro, lançado em junho, foi o documentário "Andy Warhol – Um Sonho Americano", sobre o grande artista pop e o segundo, previsto para agosto, é a produção francesa "A Prisioneira de Bordeaux", dirigido por Patricia Mazuy e com Isabelle Huppert e Hafsia Herzi no elenco.
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