''Farol Santander São Paulo apresenta exposição inédita sobre a história, a estética e a reinvenção do circo no Brasil''
- Renata Porto
- há 6 horas
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Com curadoria de Diana Malzoni, a mostra convida o público a explorar, de forma lúdica e interativa, a trajetória do circo no Brasil;
Os visitantes serão conduzidos por um percurso sensorial com imagens, objetos e obras que destacam a força simbólica do circo, incluindo trabalhos originais das coleções do Santander Brasil, Fabio Francisco e Diana Malzoni;
Entre os destaques, está a exibição inédita do filme Sua Majestade Piolin (1971), de Suzana Amaral, que resgata a memória do artista, admirado até pelos modernistas de 1922;
A mostra também celebra a importância das escolas de circo e destaca Zé Wilson, fundador do Circo Spinelli e do Circo Escola Picadeiro.

O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, inaugurou, no dia 23 de maio, sexta-feira, a exposição O Circo no Brasil, com curadoria de Diana Malzoni, que propõe um mergulho na trajetória da arte circense no Brasil, revelando sua arquitetura nômade, seus personagens emblemáticos e sua importância como patrimônio cultural e afetivo do país.
O público poderá visitar a exposição, que ocupa os 23° e 22° andares, até 24 de agosto. A mostra é apresentada pelo Ministério da Cultura, Zurich Santander, Santander Asset Management e Santander Brasil.
“O circo é uma das expressões artísticas mais encantadoras que temos. Ele chegou ao Brasil no século XIX e, desde então, espalha alegria pelos quatro cantos do país. Com o tempo, ganhou sotaque, alma brasileira e personagens inesquecíveis. A exposição O Circo no Brasil é um convite para reviver essa magia que emociona, diverte e deixa o coração mais leve”, comenta Maitê Leite, vice-presidente Executiva Institucional do Santander Brasil.
De forma lúdica e interativa, o público é conduzido por um percurso sensorial que combina fotografias, vídeos, objetos históricos, maquetes e instalação holográfica, destacando a força simbólica e estética do circo ao longo dos séculos.
“A exposição convida o público a mergulhar nesse universo mágico. Nela, são redescobertas as raízes ancestrais do circo e o espírito familiar e itinerante que o move, além da celebração da riqueza dessa arte no país”, afirma a curadora Diana Malzoni.
A exposição
No 23º andar, o espaço “Pano de Roda” convida os visitantes a entrar em cena e refletir sobre o papel do palhaço como espelho da humanidade. A exposição presta homenagem a quatro grandes nomes da palhaçaria nacional: Piolin, Picolino, Arrelia e Torresmo, cujas trajetórias se confundem com a própria história do circo no Brasil. Esses artistas levaram o riso e a crítica social ao picadeiro e, mais tarde, à televisão, eternizando bordões, músicas e personagens que fazem parte da cultura popular.
A arquitetura circense também é abordada em detalhes, desde as estruturas mais rudimentares como o “tapa-beco” e o “pau fincado”, até o moderno circo americano, destacando a criatividade dos artistas em criar palcos móveis, resistentes e acolhedores. Um dos pontos altos é a abordagem da vida nômade das trupes, que cruzavam o país com caminhões, lanchas, jangadas e até aviões para levar seus espetáculos aos mais distantes públicos do Brasil.
No mesmo andar, os visitantes ainda podem conferir uma seleção de vídeos documentais e registros raros, que trazem à tona depoimentos, trechos de apresentações históricas, bastidores e reconstruções da estética circense em movimento. Os vídeos revelam o cotidiano sob a lona, os bastidores da criação artística e a intimidade de famílias que viveram, e ainda vivem do picadeiro, além de resgatar momentos emblemáticos da trajetória de artistas como Piolin e Arrelia.
Um dos destaques inéditos dos vídeos apresentados é a exibição digital do filme histórico “Sua Majestade Piolin”, dirigido por Suzana Amaral em 1971, uma raridade cinematográfica que resgata a memória e a importância do artista que inspirou até os modernistas da Semana de Arte de 1922.
Além do vídeo, também será exibido o curta-metragem Le Grand Cirque Calder 1927, no qual um circo inteiro ganha vida em um pequeno palco improvisado pelas mãos do artista Alexander Calder. Bonecos de arame e tecido encenam espetáculos acrobáticos, números de domadores e mágicas encantadoras, tudo em miniatura, mas cheio de expressão. Filmado por Jean Painlevé, revelando com humor e delicadeza, o universo lúdico criado por Calder, onde a arte se move, respira e diverte.
A exposição também conta com um espaço interativo, onde os visitantes podem experimentar, como artistas por um momento, as sensações de estar sob o picadeiro: há estações com mágicas, números de fakir, malabarismo e equilíbrio, que simulam o desafio e a beleza desses números clássicos. Um diorama cenográfico completa a ambientação, tornando a experiência acessível e imersiva para todas as idades. O público também é convidado a conhecer os bastidores dessa arte por meio de um camarim cenográfico, que apresenta figurinos, espelhos e adereços utilizados pelos artistas, revelando os detalhes e a preparação por trás do espetáculo.
Ao finalizar este andar, o público é surpreendido por uma instalação holográfica com performances de artistas circenses contemporâneos, levando o picadeiro para dentro da exposição com a magia de números poéticos e ousados. Um convite sensorial que mostra que o circo segue vivo e se reinventando.
No 22º andar, um vídeo animado protagonizado pelas palhaças Emily e Manela narra, com leveza e humor, a trajetória do circo desde suas raízes até sua reinvenção contemporânea. Maquetes explicam com riqueza de detalhes a arquitetura nômade circense, revelando as soluções criativas para a montagem dos espetáculos em movimento.
O acervo visual e textual evidencia o cotidiano das famílias circenses, as festas, os treinos, os desafios logísticos e a vida por trás do picadeiro. Também ganha espaço o circo-teatro brasileiro, uma expressão genuinamente nacional, marcada por artistas como Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço negro do Brasil e referência em inovação cultural, e Antenor Pimenta, pioneiro da cenografia e dos efeitos especiais, criador do Gran Circus Rosário.
A mostra ainda celebra a relevância das escolas de circo, que desde os anos 1970 vêm garantindo a formação de novas gerações. Ganha destaque a trajetória de Zé Wilson, fundador do Circo Spinelli e do Circo Escola Picadeiro. Figurinos e um camarim cenográfico completam a homenagem ao universo dos bastidores e à continuidade dessa arte como herança viva.
Obras apresentadas na exposição
Além da experiência interativa, a mostra apresenta um conjunto de 20 obras, que exploram o imaginário circense por meio da pintura, fotografia e escultura. São trabalhos de diferentes épocas e linguagens que ampliam a leitura sobre o circo e sua estética simbólica, emocional e popular.
A exposição também reúne obras originais selecionadas da Coleção Santander Brasil, oferecendo ao público um recorte especial de seu acervo, além de trabalhos pertencentes à coleção da curadora Diana Malzoni e Fabio Francisco.
O circo, Ranchinho, 1988, Óleo sobre tela colada em chapa de fibra de madeira, 45,5 x 66 x 3,2cm, coleção Santander Brasil.
O circo, Ivan Moraes, 1960, óleo sobre tela, 113,5 x 113,6 x 5,5cm, coleção Santander Brasil.
Circo, Luiz Braga, 2008, fotografia sobre papel de algodão, 72,2 x 107,2 x 4,9cm, coleção Santander Brasil.
Passeios nas Estrelas, Du Salzane, 2025, autônomo, 48 x 43 x 30cm.
Encontro, Du Salzane, 2025, 45 x 34 x 40cm.
Sem título, Maurizo Zelada, 2025.
Sem título, Maurizo Zelada, 2025.
Sem título, Fabio Francisco, 2025, papel machê, 4 m total – homem 210cm e mulher 200cm.
O Mágico, Fabio Francisco, 2025, papel machê, 194cm.
Mulher em Tecido, Fabio Francisco, 2025, papel machê, 190cm.
Trapezista, Fabio Francisco, 2025, papel machê, 120cm.
Trapezista, Fabio Francisco, papel machê, 120cm.
Casal, Fabio Francisco, 2025, papel machê, 150cm.
Malabarista, Fabio Francisco, 2025, papel machê, 183cm.
Bolinhas, Fabio Francisco, 2025, papel machê, tamanhos variados
Pernalta da Flor, Fabio Francisco, 2025, papel machê, 180cm.
Armando a Lona, Diana Malzoni, 1980, óleo sobre tela, 1m x 1m, coleção Diana Malzoni.
Armando a Lona, Diana Malzoni, 1980, óleo sobre tela, 1m x 1m, coleção Diana Malzoni.
Armando a Lona, Diana Malzoni, 1980, óleo sobre tela, 1m x 1m, coleção Diana Malzoni.
Circo, Gabriela Longobardi, 1995, óleo sobre tela, 0,80m x 0,80m, coleção Diana Malzoni.
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