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''Em parceria inédita, Chico César e Geraldo Azevedo comemoram a amizade nos palcos paulista''

Em turnê pelo país desde de Outubro , Chico César e Geraldo Azevedo se reencontraram no palco do Sesc Pinheiros em São Paulo para apresentar o projeto Violivoz em três datas consecutivas(7,8 e 9 de Janeiro) de apresentações inéditas na cidade. A turnê prevista para estrear antes da pandemia de Covid-19,já passou por Recife(PE),Natal(RN),Aracaju(SE),Maceió(AL),Rio de Janeiro(RJ) e Porto Alegre(RS).


Chico César e Geraldo Azevedo no Sesc Pinheiros-Foto: Renata Porto



Em um encontro inédito de admiração e respeito mútuo, os artistas nordestinos expoentes da música popular brasileira em todo o mundo e com mais de três décadas distintas de carreiras consagradas, se reuniram na última semana no palco do gigantesco Teatro Paulo Autran localizado nas dependências do Sesc Pinheiros em São Paulo, para realizar três datas de apresentações do projeto de voz e violão intitulado Violivoz. Com abertura das programações musicais da Rede Sesc SP interrompidas bruscamente por conta do avanço da pandemia de Covid-19 em meados de Março de 2020,o Sesc reabriu suas portas para o público nos últimos meses com agenda cultural presencial mediante a um criterioso sistema de comprovação da vacinação contra a Covid-19,ingressos online e uso obrigatório de máscara durante toda a permanência na Unidade.


Com ingressos esgotados há alguns dias, o novo show da dupla de grandes compositores e cancioneiros nordestinos promoveu nostalgia, emoções e uma sucessão de canções inéditas num mergulho coletivo na genialidade de dois grandes nomes da nossa música nacional. Em cenário intimista composto apenas por dois banquinhos, duas cortinas formadas por linhas que imitam as cordas do instrumento e um violão decorativo ao fundo, Chico César e Geraldo Azevedo apresentou com maestria seus grandes sucessos autorais, clássicos da dupla em mais de duas horas de apresentação. Era nítido a sintonia e cumplicidade entre os dois artistas que dividem o palco através dessa turnê pela primeira vez.


E com uma plateia composto por público de diversas idades incluindo muitas crianças acompanhados pelos pais, o dueto de artistas movimentaram a plateia com abertura da apresentação com as canções ''Táxi Lunar, ''Mama África e ''Pra Não Dizer que Não Falei de Flores'' de autoria de Geraldo Vandré. E com a simpatia e simplicidade características de ambos artistas, emendaram longas conversas com a plateia entre uma canção e outra, fazendo observações sobre essa turnê e enfatizando a alegria de retornar aos palcos esse ano após uma ausência forçada por conta de Chico César ter contraído Covid-19 no final do ano passado. O artista brincou sobre ter assistido TV com mais frequência e indiretamente fez uma crítica ao atual governo com muito bom humor, o que impulsionou por diversas vezes as manifestações do público ecoando um sonoro ''Fora Bolsonaro''.


Dando sequência a essa apresentação, Chico César apresentou uma das canções mais aguardadas da noite de sua autoria , ''Deus Me Proteja'', que consequentemente ganhou visibilidade e repercussão por ter sido interpretada diversas vezes dentro do reality show Big Brother Brasil 21 por sua última vencedora , a paraibana Juliete Freire. A canção de grande sucesso de sua carreira em meados de 2008, chegou a viralizar no último ano aumentando as buscas e alcançando primeiro lugar nas principais plataformas de streaming. O artista fez questão de agradecer a participante do reality por ter exposto em rede nacional uma de suas canções de maior sucesso em sua trajetória de mais de vinte anos de carreira.


Chico César-Foto: Renata Porto



Diante de uma disposição de dar inveja a quem está começando, os artistas veteranos paravam apenas para se revesar entre suas cordas e violões para dar espaço a tantas canções de ambas carreiras esperadas arduamente pelo público que em grande maioria não se conteve e embalavam uma dança tímida em suas cadeiras enumeradas. Ao longo de duas horas de espetáculo, Geraldo Azevedo ganhou espaço para em dueto apresentar suas canções clássicas dentro de uma densa e árdua trajetória iniciada há mais de 50 anos com composições como ''Moça Bonita'', ''Canta Coração'', ''Caravana'' e ''Dia Branco'', após retornar a apresentar canções de autoria de Chico como ''Pensar em Você'' e ''Á Primeira Vista'', um das trilhas sonoras da novela Rei do Gado, exibido em 1996 e sendo regravada por Daniela Mercury no mesmo ano.


Em grande parte da apresentação, Chico César provoca a plateia com composições com tom mais político como as canções ''Pedrada'' e ''Reis do Agronegócio'', de seu mais recente de seu último disco lançado intitulado ''O Amor é um Ato Revolucionário'', uma das canções fala de ''fogo nos fascistas'' e critica o capitalismo e o agronegócio, provocando ira e diversas reações no público com algumas manifestações e saudações involuntárias de apoio ao ex-presidente e fundador do PT, Lula, como um incentivo e apoio á candidatura nas próximas eleições. Com presença de um amigo de longa data na plateia, o músico e compositor Zeca Baleiro, os artistas deram andamento a apresentação ao interpretar canções inéditas de composições criadas por parceria de ambos artistas durante a pandemia. Entre a interpelação das canções ''Nem na Rodoviária'' e ''Tudo de Amor'' ,o público se manteve mais atento as letras da melodias e com menos efeito de inquietude e apelo popular, que era conferido nitidamente nas interpretações anteriores á essa, composições realizadas de forma 100% online através das plataformas virtuais durante o período mais crítico de quarentena.


Chegando ao final da apresentação, o dueto agitou novamente o público ao revisitar o repertório de sucessos em pout-pourri com ''Da Taça'', ''Estado de Poesia'' e Onde Estará Meu Amor'', com Chico César mais á vontade sentado no banquinho e com os pés descalços enquanto Geraldo esbanjava energia transitando de um lado para o outro no palco, o artista ainda brincou que estava tão radiante e se sentindo em casa que iria encerrar a apresentação dali mesmo sentado no banquinho com seu violão, levando o público ás gargalhadas.


A apresentação da última noite se encerrou com uma sucessão de musicalidade com a interpretações das composições de Geraldo Azevedo, ''Dona da Minha Cabeça'' ,''Você se Lembra'' e a reprise de ''Bicho de Sete Cabeças'' que foi inteiramente tocada no violão com ênfase apenas para o refrão para deleite e surpresa da plateia, sendo aplaudido e ovacionado pelo público de pé por longos minutos. O aguardado bis ficou por conta da releitura de um dos sucessos do primeiro disco solo de Geraldo Azevedo e uma reverência a cultura africana, ''Cadê Meu Carnaval'' ,entoando trechos como ''Carnaval está Chegando/Cadê Meu Carnaval'', fazendo menção a falta que a festividade faz no país e a importância cultural que o período tem para o mundo num misto de nostalgia e emoção que a lembrança dessa alegria radiante e tão genuína nos proporciona. A finalização do espetáculo da noite foi um grande e longo abraço dos artistas no palco firmando essa irmandade, cumplicidade e esse encontro musical cheio de carinho com admiração que se refletiu em todas as apresentações ,sendo também um grande presente cultural com representatividade e genialidade de grandes cantautores significativos para o nosso país e para a nação nordestina.









































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