''Dead Fish e Supercombo realiza show histórico em São Paulo''
Na última sexta-feira(08), as bandas capixabas, Dead Fish e Supercombo se encontraram na Audio para realizar duas apresentações históricas com públicos distintos de ambos os grupos.
Com casa de show lotada de fãs de ambos grupos ,as bandas capixabas de rock Dead Fish e Supercombo dividiram o palco de uma das casas de shows mais renomadas da zona oeste de São Paulo para realizar uma noite histórica de apresentações, marcando o retorno definitivo aos palcos brasileiro após um longo período longe de apresentações presenciais por conta da pandemia de Covid-19.
Em um encontro inédito de duas bandas em ascensão na história do underground brasileiro, o espaço de shows localizado na Barra Funda recebeu milhares de fãs de diversas faixas etárias para assistir as apresentações de ambos as bandas. Em uma sexta-feira chuvosa , nem o clima afastou um numeroso público que aguardavam há muito tempo a apresentação de duas bandas importantes na formação musical e individual de milhares de jovens no decorrer de mais de trinta anos.
Com inúmeros jovens e adolescentes se aglomerando em frente ao palco com a intenção de ter uma vista privilegiada e muito alvoroço, a primeira banda a se apresentar na noite foram os capixabas da banda Supercombo formado por Léo Ramos(vocal e guitarra), Carol Navarro(baixo), Pedro Toledo(voz e guitarra), Paulo Vaz(teclados) e André Dea (bateria). O quinteto ganhou notoriedade nos últimos anos por ter letras joviais repletas de significados e sentimentos que dialogam com a juventude com temáticas como depressão, inseguranças, ansiedade, desafetos e mudanças de ciclo que fazem parte da maioria dos jovens no decorrer das gerações, ganhando mais evidência e preocupações nos tempos atuais. Abrindo a apresentação com as canções de sucessos do novo álbum de trabalho intitulado ''Adeus Aurora'', a banda expõe temas delicados e urgentes na sociedade com letras que evidenciam a importância da saúde mental.
Com sequência de canções que o público eufóricos já cantavam em plenos pulmões como ''Meu Colorista'', ''Bonsai'', ''Menina Lagarta'' ,Maremotos ,''Magaiver'',''Saudade'', entre outras em um set-list dividido por diversas fases da carreira em mais de uma hora de apresentação, apenas algumas paradas entre uma canção e outra pra enfatizar a importância dos jovens presentes cuidarem da saúde mental e tirarem o título de eleitor para serem protagonistas das escolhas políticas do país, seguido de manifestações contrárias ao governo atual com coro de ''Fora Bolsonaro'' sendo seguido por alguns minutos pela própria banda. Em andamento a apresentação seguiram com as canções emblemáticas e clássicas do quinteto rockeiro como ''Piloto Automático'', ''Amianto'', ''Jovem'', ''Monstros ''com refrões marcantes e cheios de emoções que ficam na memória por muito tempo após os shows da banda.
A banda finalizou a apresentação da noite com as canções ''Sol da Manhã'' e ''Todo Dia é Dia de Comemorar'' enquanto já escutavam e aqueciam as saudações em coro uníssonos da plateia com dizeres ''Hey Dead Fish Vai Tomar no C*'',com a famosa frase que nunca falta em nenhuma das apresentações do Dead Fish ,que tem um significado metafórico, como dando boas vindas ao quarteto de hardcore independente mais consagrado do país nos últimos trinta anos.
Com uma espera um pouco maior, muitos dos fãs fiéis da banda Supercombo foram embora do espaço de eventos, mas foram surgindo uma grande parte do público do Dead Fish, que á essa altura da madrugada já enchiam pista e camarote, quando iniciou as apresentações por volta das duas da manhã ,já tinha um público legal e considerável lotando todo o espaço. O público revigorado e aquecido pela excelente performance do Supercombo na apresentação anterior, entrou em êxtase quando o quarteto capixaba do Dead Fish subiu ao palco, sem delongas e dispensando apresentações, iniciou-se um verdadeiro baile insano de bate-cabeças, pancadaria, euforias e moshs pit, desestabilizando até os profissionais da imprensa mais experiente que se aglomeravam no palco na expectativa de conseguir boas fotos desse show em meio ao caos organizado .Os músicos esbanjavam energia, disposição e jovialidade, a interação e cumplicidade com o público é imediata e um dos pontos altos das apresentações da banda.
A banda de hardcore brasileiro Dead Fish que comemoram o marco na carreira em período de atividade por trinta e um anos, é formada atualmente por Rodrigo Lima (voz e o único integrante remanescente da banda), Igor Tsurumaki (baixo), Ricardo Maestria(guitarra) e Marcão(bateria).Com provocações políticas e levantamento de bandeiras de partidos de esquerda, a banda Dead Fish é contestadora e uma das pioneiras no segmento musical que afrontam, criticam e buscam soluções efetivas nas suas convicções, descontentamentos e insatisfações governamentais e em sociedade, traduzindo e provocando essas militâncias e catarse coletivas em letras de músicas com viés inteiramente político.
E foi memorável e cheios de momentos de nostalgia de quem vivenciou todo esses momentos na adolescência, a apresentação energética do quarteto underground que estão rodando o país após um hiato de dois anos por conta da pandemia com a turnê comemorativa de 30+1 de trajetória de uma das bandas mais resistentes e influentes do país. Com a sequência de clássicos de distintos momentos da carreira como ''Autonomia'', ''Tão Iguais'', ''Queda Livre'' e ''Zero e Um'' e as mais recentes como ''Inevitável Mudança'' ,''Sangue nas Mãos'' ,entre outras que enlouqueceram a plateia e como não se via há muito tempo nos shows da banda, muitos fãs protagonizaram inúmeras sessões de ''mosh pit'' com muitos homens e mulheres se jogando na plateia e alguns fãs até arriscavam cantar junto com o vocalista Rodrigo Lima, que carismático sempre se manteve participativo com seu público.
Em sequência a banda tocou clássicos mesclados com músicas do disco Ponto Cego , oitavo álbum de estúdio ,lançado em 2019 que foi muito elogiado pela crítica e traz críticas a sociedade atual e a classe média, além de enfatizar em letras os acontecimentos sociais e políticos do país. Em outro momento de ponto alto da apresentação, a banda apresentou a canção ''MST'' com o boné de representação do movimento político, encerrou a apresentação da noite com ''Proprietários do Terceiro Mundo'', ''Asfalto'' e ''Sonho Médio'', em mais de duas horas de apresentação, enquanto o público puxava um coro de ''Olê, olê Lula''.
A apresentação foi dinâmica, voraz e muito nostálgica pra quem acompanha a banda desde o auge do hardcore no país em meados dos anos 2000,era perceptível que nestes últimos anos mudaram a faixa etária de quem acompanha o grupo pra uma galera mais jovem que conheceram a banda através da internet, mas em compensação encontramos uma banda mais madura, cheia de ideais e com muita personalidade, algo que a banda não se perdeu nestes últimos trinta anos.
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