''Celebrando com maestria a cena punk-rock , The Casualties e Agrotóxicos entregam noite memorável em São Paulo''
- Renata Porto
- 26 de jun.
- 6 min de leitura
Atualizado: 27 de jun.
Em única apresentação na capital paulista, a banda americana de punk-rock The Casualties e a banda paulista Agrotóxicos se apresentaram com casa lotada na tradicional casa de shows Hangar 110 em uma celebração ao movimento musical mais relevante das últimas três décadas.

The Casualties no Hangar 110 - Foto: Renata Porto
Após uma espera incessante dos fãs e admiradores pelo retorno de uma das bandas mais icônicas do punk-rock americano, The Casualties composto atualmente por David Rodriguez, Jake Kolatis, Marc Meggers e Doug Wellmon, finalmente desembarcaram no país para uma série de três shows da nova turnê que celebram uma nova fase da banda, finalizando com maestria uma turnê gigantesca ao lado dos brasileiros Supla e os Punks de Boutique, pela América do Sul.
A banda veterana do segmento musical hardcore punk/street punk , formados em meados dos anos 90, durante o período de ascensão do punk rock, The Casualties, vem colecionando ao longo dos anos algumas fases conturbadas e divergências em torno do quarteto musical, principalmente pela saída do membro-fundador e vocalista, Jorge Herrera em 2017 após 27 anos de atividade como frontman, além da saída misteriosa de outro integrante em 2022 , o baixista Rick Lopes , que sem muitos rumores , se desvinculou da banda sem detalhar os motivos em torno de sua saída repentina, mas manteve amigavelmente o contato com os atuais integrantes e sempre enfatiza de forma muito grata e honesta sua contribuição musical ao longo dos anos na banda.
Com nova formação musical, de forma muito assertiva e aclamada pelos fãs do grupo ao redor do mundo, a banda The Casualties manteve sua essência e autenticidade , realizando algumas turnês periódicas em conjunto com influências musicais e bandas relevantes do segmento como The Exploited, GBH, Cockney Rejects, entre muitas outras, o quarteto explosivo retornaram ao país em parceria realizada pela Xaninho Discos e Caveira Velha Produções, em uma sucessão de shows pelas principais capitais , Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo, com ingressos esgotados em todas as apresentações.
No último sábado (22) e em única apresentação na capital paulista, The Casualties se apresentaram na casa de shows mais celebrada e tradicional pelos admiradores e fãs do rock underground brasileiro, o icônico Hangar 110 , com abertura das apresentações da noite por uma das bandas veteranas do punk-rock brasileiro com mais de trinta anos de atividades ininterruptas, a banda paulista Agrotóxicos composta por Jeferson (baixo e vocais), Marcos (guitarra e vocais), Arthur (guitarra e vocais) e Pedro (bateria) , em uma grande celebração ao movimento musical que se consolidou e manteve o crescimento ao longo dos anos com vertentes musicais e ideológicas que propõem críticas políticas, culturais e sociais, sendo considerado o mais relevante das últimas três décadas.

Agrotóxicos no Hangar 110 - Foto: Renata Porto
Em noite memorável e aguardada pelo público brasileiro, a tradicional casa de shows começou sua programação musical em uma assertiva dobradinha, no período diurno, com apresentação inédita da banda canandense de hardcore/punk rock, Comeback Kid , que acompanhados pela banda The Last Station, retornaram ao país após mais de 10 anos e aqueceram o público , demonstrando a força e potência do gênero musical que nunca saíram de moda e continuam influenciando positivamente e expandindo entre o público brasileiro. Em torno das 21 horas, recomeçou o segundo round, porém com ingressos distintos para cada uma dessas apresentações, o público compareceu em peso para a apresentação de The Casualties, desfilando muitas cores, diversidades e estilos, além de um comportamento muito respeitoso e inclusivo, com público distintos que iam desde crianças até um público mais maduro, a casa de shows rapidamente lotou todos os espaços com presença notórias de outros músicos e influências do segmento como o Mário Andrade ( Barbearia Cavalera e ex Pavilhão 9), Elaine Souza (Lê) da banda Gritando HC, que fizeram questão de prestigiar esse momento.

Agrotóxicos no Hangar 110 - Foto: Renata Porto
Sem delongas e dentro do horário previsto, em torno das 21hrs30, a banda de hardcore paulista Agrotóxicos , uma dos maiores representantes do estilo no Brasil, se apresentaram numa sequência avassaladora de canções relevantes e primordiais da carreira como ''Zona Ocupada'', ''Lobotomia Geral'', ''Eles Não Vão Parar'', ''Números de Guerra'', ''Inimigo Real'', entre muitas outras com repertório que intensificam gritos de protestos, intolerância e indignação contra guerras civis, facismo, violência, homofobia, e questões políticas em geral, que mesmo sendo compostas há mais de 20, 30 anos, continuam assertivas, contestadora e atemporais com o momento complexo e conturbado que a sociedade vem vivenciando ao decorrer dos anos.
Sempre carismáticos e interagindo frequentemente com o público, os integrantes da banda Agrótoxicos intercalaram entre uma canção e outra os vocais, e com vasta experiência nos palcos, os veteranos enalteceram algumas bandas percussora do movimento punk, em um determinado momento deram espaço a um fã portando um estiloso moicano vermelho subir ao palco e realizar um discurso breve sobre a presença das mulheres na roda de mosh-pit, que eram bem vindas, que eles eram a nova geração do movimento punk , uma geração com mais conscientização de espaço, o que foi aprovado pelos integrantes da banda e por parte do público que acompanhavam a apresentação.

Agrotóxicos no Hangar 110 - Foto: Renata Porto
Com um show energético, dinâmico e contestador , que agitaram o público do ínicio ao fim em mais de uma hora de apresentação, o quarteto finalizaram a apresentação com as faixas ''Bom dia Bagdá'', ''Marcas da Revolta'', ''Pesadelo'' e ''A Beira do Caos'' , onde aproveitaram o momento entre o intervalo das canções para aprimorar o sentido de umas das canções mais emblématicas da carreira com o momento geopolítico atual que estamos viveciando com a guerra entre Irã e Israel ,enfatizando que a canção ''Bom dia Bagdá ( A Guerra dos Bombardeios) '', foi escrita há mais de 20 anos em protesto a guerra da época no Iraque que atualmente se expandiram e intensificaram os conflitos em Teerã (Irã) e a Faixa de Gaza (Israel), que infelizmente continua destrutiva, imparcial, religiosa e atual, vitimando inocentes, sendo ovacionado pelo público.

The Casualties no Hangar 110 - Foto: Renata Porto
Após uma apresentação triunfal da banda Agrotóxicos, e num intervalo proposital para a troca de equipamentos, passagem de som e uma abertura para dar tempo de conhecer a loja de discos e mershadising , além de consumir algo para beber e comer dentro das variedades ofertadas nos bares do estabelecimento, após uma espera de mais de dez anos por esse momento, próximo das 22hrs30 e já com todos os espaços ocupados entre pista e o camarote, a banda nova-iorquina The Casualties finalmente se apresentaram no Hangar 110 , com seus irreverentes e exuberantes moicanos coloridos, esbanjando carisma e autenticidade, iniciou-se o show principal da noite com uma bem-sucedida introdução instrumental em uma justa homenagem para bandas históricas e clássicas do movimento como o Ramones, em fração de segundos , a tradicional casa de shows virou rapidamente um ensurdecedor e caótica rodas punk em todos os espaços disponível, com fãs extremamente eufóricos e freneticamente subindo ao palco para protagonizar os famosos stage-dive seguidos de mosh-pit , além das tentativas de interagir com os integrantes da banda.

Stage Dive de David Rodrigues do The Casualties no Hangar 110 - Foto: Renata Porto
Com set- list extenso em mais de vinte canções, o carismático vocalista David Rodriguez, que estava no país pela primeira vez através da sua atuação na banda , não decepcionou e entrou na vibe frenética e interativa com o público, extremamente enlouquente, fez história ao protagonizar um stage-dive no meio do público e surpreendeu mais uma vez , a esbanjar energia e jovialidade e transitar erguido pelos braços imersivo entre o público até o setor do mezanino , com microfone , muita segurança e confiança no público, o frontman pulou direitamente do parapeito de forma imprevisível no meio do público, que o conduziram de forma inacreditável até o palco novamente, sem deixar o microfone de lado nenhuma vez, de forma indescrítivel e impressionante, o frontman retornou ao palco dentro daquela união e cumplicidade entre platéia e artista, e finalizou a última canção da noite, sendo um dos ápices dessa apresentação.

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