top of page

''“Alforrias de Papel” de Marcio Boaro e Cia Ocamorana estreia em 10 de outubro no Teatro Arthur Azevedo''

Peça parte de obras naturalistas de Aluísio Azevedo, O Cortiço, para propor um olhar crítico e provocador sobre a perpetuação dos mecanismos de poder.

 

No elenco: André Capuano, Manuel Boucinhas, Maria Dressler, Mônica Raphael e Nica Maria




Foto de cena de Bob Sousa – Manuel Boucinhas e Mônica Raphael




O espetáculo Alforrias de Papel, escrito e dirigido por Marcio Boaro, fundador da Cia Ocamorana que completa três décadas de trajetória pautada no teatro político, traz à cena um diálogo entre passado e presente, estabelecendo paralelos claros entre o abuso do poder econômico do século XIX e as formas modernas de exploração.

 

Embora a história se passe em tempos diferentes, Alforrias de Papel teve como base uma pesquisa minuciosa do ponto de vista da classe trabalhadora no Brasil do século XIX, com foco especial nas personagens femininas do livro "O Cortiço". Durante essa época, o movimento naturalista representava a classe trabalhadora como um grupo passivo e subordinado dentro de uma estrutura social complexa e frequentemente incompreensível. No entanto, Alforrias de papel busca inverter essa lógica, dando voz e ferramentas para que aqueles que foram silenciados pela estrutura social possam expressar seus pontos de vista e ter suas questões discutidas.


O mote foi criar uma nova dramaturgia que atualize o ponto de vista naturalista, levando em conta as conquistas teatrais dos últimos 140 anos desde a publicação do texto original. Os cinco atores do elenco interpretam dezenas de personagens, a fim de dar vida à perspectiva da classe trabalhadora e, em particular, das personagens femininas de "O Cortiço". A essência do texto original permanecerá, mas será adaptada aos avanços teatrais e às mudanças na sociedade ao longo dos anos, tornando-se uma obra contemporânea que trará luz sobre questões históricas ainda presentes em nossa sociedade.


Na encenação, uma das personagens, nomeada de Espectro, surge já na primeira cena, questionando a capacidade do capitalismo de se adaptar e se adequar aos contextos históricos e culturais de cada época. A falsificação de uma carta de alforria no texto original ganha contornos atuais ao espelhar a multiplicidade de formas que o capitalismo adota para legitimar suas práticas e manter seu domínio.

 

Alforrias de Papel é um texto que resgata as contradições sociais e políticas de um Brasil ainda preso às amarras do passado, mas também um convite para o público perceber os mecanismos de repetição. Através da figura do Espectro contemporâneo, a peça transcende seu contexto histórico e revela que o espírito de exploração e opressão permanece, ajustando-se à face que melhor lhe convém.


“Na montagem, o público é desafiado a reconhecer que o capitalismo tem a capacidade de se moldar e se atualizar conforme as conveniências do tempo e do espaço, sendo visto por cada um de acordo com sua própria formação e perspectiva. Essa é a essência de Alforrias de Papel: um olhar sarcástico e provocador sobre a perpetuação dos mecanismos de poder” diz Boaro.

 

Companhia Ocamorana pela Ocamorana


Quase 30 anos de atuação, com muitos trabalhos de dramaturgia autoral e de alguns dramaturgos como Shakespeare, Brecht, Elmer Rice e Chico de Assis. Passaram pela companhia nomes como Iná Camargo Costa, Chico de Assis e Alexandre Mate. Tem um trabalho extenso de pesquisa continuada, pensando sempre em um teatro que ajude a transformar a sociedade sem nunca abrir mão do rigor estético.Durante os nossos quase 30 anos de existência, a Companhia sempre se pautou pelo teatro político, como uma pesquisa continuada. Tentamos sempre discutir o presente e alcançar novas vertentes do teatro, acreditando que a pesquisa é fundamental para isso. A nossa primeira montagem como Ocamorana, em 1998, foi a peça “Máquina de Somar”, de Elmer Rice, que é considerada um marco do teatro expressionista americano. A ideia de montar essa peça surgiu durante uma pesquisa sobre as raízes do teatro épico, na qual encontramos elementos do teatro épico e de críticas sociais contundentes nessa peça dos anos 20.


Posteriormente, sem o apoio do fomento, estudamos o teatro épico brasileiro e montamos, em parceria com Chico de Assis, uma das suas peças censuradas nos anos 60, “As aventuras e desventuras de Maria Malazartes durante a construção da grande pirâmide”. Chico, juntamente com outros artistas do teatro de Arena, se esforçaram para criar uma vertente brasileira do teatro brechtiano, mas foram frustrados pela ditadura militar. Em seguida, decidimos escrever e montar a nossa própria dramaturgia, optando pelo resgate histórico com a peça “A guerra dos caloteiros”. Com o apoio do fomento, pudemos nos dedicar mais a essa peça, que teve uma longa carreira com mais de 80 apresentações, a maioria delas com casa cheia. Dentro da perspectiva das peças de cunho épico e de resgate histórico, realizamos dois projetos sobre o teatro documentário sob a ótica de Peter Weiss, com leituras e pesquisas sobre a maioria de suas peças. Dessas pesquisas surgiram as peças “1924, uma revolução esquecida” e “Três movimentos”, que tinham relação com as lutas dos trabalhadores da cidade de São Paulo no século XX. Em seguida, decidimos voltar para um clássico, mas não um qualquer: a peça “Coriolano”, de Shakespeare, que é considerada uma das mais políticas do autor. A peça começa com a primeira greve de trabalhadores registrada na história do Ocidente, uma greve que fez com que o povo passasse a ter representantes eleitos. Depois de muitas pesquisas, montamos a peça, que também teve uma longa carreira. Em seguida, resolvemos voltar à história do Brasil e discutir aqueles dias de elogio à ditadura, trazendo a peça símbolo da resistência aos anos de chumbo: “Missa Leiga”. Hoje, continuando o nosso processo de busca e avanço, decidimos estudar sobre a herança naturalista, uma corrente cultural importantíssima que muitas vezes tem sua importância minimizada por conta de sua abordagem contundente na busca por transformações sociais. Isso fica claro quando vemos que tanto Bertold Brecht quanto Peter Weiss reconhecem a influência do naturalismo de Émile Zola em seus trabalhos, como o teatro épico de Brecht e o teatro documentário de Weiss. Durante a segunda metade do século XIX, a classe trabalhadora era vista como objeto passivo dentro de uma estrutura social complexa, muitas vezes incompreensível. Esse tema é característico do movimento naturalista, que buscava retratar a realidade da época de forma crua e objetiva. No Brasil, essa realidade era ainda mais intensa, pois o país foi o último a abolir a escravidão e a classe dominante impunha sua vontade com agressividade, dissimulando-se como lobos sob a pele de cordeiros. Recentemente, nos meios acadêmicos, há uma tendência de revisitar a importância do Naturalismo. Diversos livros têm sido lançados sobre o assunto, e essa revisão é especialmente relevante ao se considerar o atual contexto brasileiro, onde já foram alcançados alguns avanços no teatro político. Revisitando o Naturalismo sob a ótica dos dias atuais, podemos compreender nossas raízes e avançar ainda mais em direção a transformações sociais efetivas e duradouras.


Serviço: 


Teatro Arthur Azevedo


Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca


DE 10 a 26 de Outubro de 2024


HORÁRIOS: Quintas, Sextas e Sábados às 21h, Domingos às 19h


VALOR DO INGRESSO: R$ 20,00 INTEIRA / R$10,00 MEIA

 

Teatro Cacilda Becker


R. Tito, 295 - Lapa, São Paulo - SP


De 30 de outubro a 10 de novembro de 2024


HORÁRIOS: Quartas, Quintas, Sextas e Sábados às 21h, Domingos às 19h


VALOR DO INGRESSO: R$ 20,00 INTEIRA / R$10,00 MEIA

 

SESSÃO EXTRA


DATAS: 31 de outubro de 2024 às14h30, 06 e 07 de novembro de 2024 às 10h


HORÁRIOS: Quarta e Quinta


VALOR DO INGRESSO: R$ 20,00 INTEIRA / R$10,00 MEIA

 

Classificação Indicativa: 14 anos


Duração 90 minutos


Ficha Técnica:


 Dramaturgia e Direção: Márcio Boaro


Assistente de Direção: João Alves


Elenco: André Capuano, Manuel Boucinhas, Maria Dressler, Mônica Raphael e Nica Maria


Composição e Direção Musical: Fernando Oliveira


Composição Musical e Músico: Danilo Pinheiro


Iluminador e Operador de Luz: João Alves


Cenógrafo: Dan Maaz


Concepção de Cenário: Márcio Boaro


Figurinista: Nica Maria


Costureira: Iara dos Reis


Maquiadora: Suellem Melquiades


Preparador Corporal e Vocal: André Capuano Artista Visual e Design Gráfico da Temporada: Ane Melo e Orlan Mortari Design Gráfico: Felipe Apolo


Fotografia: Bob Souza, Nara Ferriani e André Bicudo


Filmagem e Teaser do espetáculo: Fvfilmes - Nara Ferriani Veras


Assessoria de Mídias: Felipe Apolo e Felipe Rabello


Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro - Ofício das Letras


Assistente de Produção: Felipe Apolo e Felipe Rabello


Direção de Palco e Produção: Vanda Dantas Gestão de Projeto: Colmeia Produções


Apoio: Cantina Luna Di Capri, Espaço Cultura Elza Soares e Planeta's Restaurante


Realização: Cia. Ocamorana de Teatro, Cooperativa Paulista de Teatro, Fomento ao Teatro

 




Comments


bottom of page