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''A Doença do Outro abre Mostra de Dramaturgia em pequenos formatos cênicos do CCSP''


Autor do texto, Ronaldo Serruya também está no palco no solo com direção de Fabiano Dadado de Freitas, do Teatro de Extremos, do Rio de Janeiro. Espetáculo, no formato palestra-performance, é um atravessamento pessoal de um corpo convivendo com HIV


Vencedor do 7º edital da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo, o texto A DOENÇA DO OUTRO, de Ronaldo Serruya abre o evento e estreia dia 30 de novembro, terça-feira, às 21h, no Espaço Cênico Ademar Guerra, do Centro Cultural SP. Com direção de Fabiano Dadado de Freitas e atuação do próprio autor, o solo traz à cena um diálogo sobre os corpos convivendo com HIV, suas estigmatizações e as conquistas sociais.

As apresentações presenciais acontecem até 5 dezembro, de terça-feira a sábado às 21h e domingo às 20h. Depois a montagem ganha uma temporada virtual com sessões de 31 de janeiro a 6 de fevereiro pelo canal do YouTube do Centro Cultural SP.

Em A DOENÇA DO OUTRO, Ronaldo Serruya propõe o formato de uma palestra-performance, mas de uma forma mais interativa, onde o público não fique apenas recebendo toda a informação. O espetáculo que, ao mesmo tempo toma o rigor teórico e documental do formato palestra, joga com a teatralidade através do videografismo, permeando toda a encenação com projeções em vários locais, inclusive no figurino.

Ronaldo Serruya recebeu o diagnóstico positivo para HIV em 2014. Depois de um período de elaboração e relacionamento com a revelação, encontrou nos discursos artísticos uma maneira de debater, criticar e confrontar toda a construção dos estigmas em torno da doença.

“Para a maioria o corpo portador do HIV é um corpo perigoso, recusado, fracassado e sigiloso. Escrever a peça era um sonho antigo, agora materializado como forma de recusar o silêncio e a culpabilização”, explica Serruya. Para ele, nesses 40 anos de HIV no mundo os avanços científicos foram enormes, mas o preconceito e a “sorofobia” fazem do HIV uma doença social.

Arte x HIV


Atravessamento pessoal, A DOENÇA DO OUTRO é um processo autoral, já que Ronaldo Serruya é o autor e ator do monólogo. Para não deixar um contaminar o outro, Serruya convidou Fabiano Dadado de Freitas para assumir a direção trazendo novas possibilidades para a encenação.

Os dois que já se conhecem a muito tempo ainda não tinham trabalhado juntos em um espetáculo teatral, mas criaram o projeto Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/ AIDS, que analisa a história social da doença e reflete sobre os estigmas que rondam corpos positivos através da fricção entre Arte x HIV.

Como diretor, Dadado traz para a encenação um tom de convocação reconhecendo as questões trazidas pelo texto. “Apostamos no formato de palestra-performance, mas em uma construção conjunta com a plateia”, adianta. Ele ainda conta que a opção pelo uso de várias projeções ajudará nesse contato mais direto com o público. “Ao longo do espetáculo a performance invade a palestra.”

Além do videografismo proposto na cenografia, o espetáculo conta com figurino criado por Luiza Fardin (vencedora dos prêmios Cesgranrio, Shell e APTR 2016 na categoria melhor figurino pelo espetáculo Se eu fosse Iracema). O figurino em tons claros apresenta uma concepção descontruída e assimétrica e servirá também como plataforma de projeção.

Desfilmar o imaginário


Integrante do Grupo XIX de Teatro e do Teatro Kunyn, grupo de teatro com montagens sobre o universo gay, Ronaldo Serruya escreveu em 2017 Desmesura, encenada pelo Kunyn. “Protegido pela ficção escrevi o texto já com muitas referências ao HIV, pois busquei inspiração na vida do dramaturgo argentino Raul Taborda Damonte, o Copi, que morreu em decorrência de complicações oriundas da doença, ainda na década de 80. Já com A DOENÇA DO OUTRO o objetivo é ‘desfilmar’ todo o imaginário de estigmatização e preconceito que, principalmente o cinema trouxe sobre um corpo portador de HIV”, conta o autor e ator.

Para ele, a estreia de A DOENÇA DO OUTRO não é um ato heróico ou de coragem, mas uma contribuição singela para o reconhecimento e uma digna reverência ao corpo positivo.

Continuação da mostra


A Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo já apresentou montagens emblemáticas e que figuraram entre as melhores das temporadas teatrais de São Paulo, como Mantenha Fora do Alcance do Bebê, de Silvia Gomez; Os Arqueólogos, de Vinícius Calderoni e Buraquinhos ou o Vento é Inimigo do Picumã, de Jhonny Salaberg.

Após as apresentações de A DOENÇA DO OUTRO sobem ao palco do Centro Cultural São Paulo os espetáculos Trava Bruta, de Leonarda Glück (de 7 a 12 de dezembro, de terça-feira a sábado às 21h e domingo às 20h) e Betta Splendens, de Tatiana Ribeiro (de 14 a 19 de dezembro, de terça-feira a sábado às 21h e domingo às 20h).

Com direção de Gustavo Bitencourt o solo Trava Bruta é um manifesto que parte da experiência transexual da autora Leonarda Glück para propor uma ponte e um embate entre o contexto artístico e a conjuntura política e social brasileira atuais no que se refere ao campo da sexualidade. O texto é também uma espécie de vertiginoso poema cuja principal metáfora reúne o ato de bloquear e impedir a livre movimentação com a capacidade de brutalidade da natureza humana, sua violência e sua incivilidade.

Já a autoficção Betta Splendens, de Tatiana Ribeiro, que dirige a montagem e está em cena ao lado de Carol Gierwiatowski, Gabi Gomes e Natália Martins, aborda a mente de uma pessoa deprimida – bem como o seu estigma na sociedade – que num possível destino final e trágico culmina no suicídio. O ponto de partida do espetáculo é o estado ininterrupto e concomitante de melancolia/euforia que a autora carregou por algumas das casas onde morou. As passagens por esses espaços são narradas por três personagens que caminham lado a lado com a morte observadas por um peixe betta.

Sobre Ronaldo Serruya


Ator e dramaturgo de um dos mais importantes grupos de teatro do país, o Grupo XIX de Teatro (SP), premiado no Brasil e no exterior. Em 2009 fundou o Teatro Kunyn, coletivo que pesquisa a questão queer nas artes cênicas. Pelo texto Desmesura ganhou o Prêmio Suzy Capó no 25º Festival MIX da Diversidade. Desenvolve também o projeto Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/ AIDS, projeto que analisa uma história social da doença e reflete sobre os estigmas que rondam corpos positivos através da fricção entre Arte x HIV. Seu texto A Doença do Outro, ganhador do 7º Edital de Dramaturgia em pequenos formatos do CCSP (SP), é um monólogo sobre sua experiência vivendo com HIV.

Sobre Fabiano Dadado de Freitas


Diretor, dramaturgo e ator. Mestre em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ, pesquisa performance, política e sexualidade. Dirige o Teatro de Extremos: Balé Ralé, de Marcelino Freire (2017) – prêmio Questão de Crítica e O Homossexual ou a dificuldade de se expressar, de Copi (2015), que recebeu 13 indicações aos prêmios Shell, Cesgranrio, APTR e Questão de Crítica. Em 2019 dirigiu 3 maneiras de tocar no assunto, peça que recebeu 17 indicações aos prêmios Shell, Cesgranrio e APTR. Durante o período pandêmico colabora com o projeto Museu dos Meninos onde dirigiu e roteirizou a performance Arqueologias do Futuro e as peças sonoras Sem título para uma radiocoreografia, no Festival Panorama. Idealizou e ministrou seis turmas do curso Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV-AIDS junto com Ronaldo Serruya. Orientou cinco podcasts no festival Breves Cenas de Manaus em que também colaborou como diretor artístico. Em 2021 retomou a pesquisa das radiodramaturgias ministrando a oficina Radiodrama: um teatro para os ouvidos pelo SESC SP e dirigindo as séries A Mulher do início do Mundo e O Viaduto para a série Ficções do Itaú Cultural.

Serviço:

A DOENÇA DO OUTRO


De 30 de novembro a 5 dezembro, terça-feira a sábado às 21h e domingo às 20h, no Espaço Cênico Ademar Guerra do Centro Cultural São Paulo.


Duração 55 minutos | 14 anos | Ingressos R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada).

Idealização, Texto e Atuação Ronaldo Serruya. Direção – Fabiano Dadado de Freitas. Videoarte e Cenografia – Evee Avila e Mauricio Bispo. Edição e Filmagem – Caio Casagrande. Figurino – Luiza Fardin. Iluminação – Dimitri Luppi Slavov. Trilha Sonora Original – Camilla Couto. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Designer Gráfico – Rafael Fortes. Fotos e Assessoria de mídias sociais – Jonatas Marques. Produção – Cristiani Zonzini.

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO – Espaço Cênico Ademar Guerra – Rua Vergueiro, 1000 – Estação de metrô Vergueiro. Telefone (11) 3397-4002. Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo. Capacidade – 60 lugares. Acesso para deficientes físicos.


Fonte: Nossa Senhora da Pauta

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