''Espetáculo Diálogo Noturno com um Homem Vil encerra temporada extremamente lotada no Sesc
Diálogo Noturno com um Homem Vil
De Friederich Dürrenmatt
A peça retrata o diálogo entre um escritor perseguido pelo governo e seu carrasco na noite em que este está encarregado de executa-lo sob ordem estatal. Carregado de ironia, o texto vai discutir temas como justiça, liberdade e o intrigante debate sobre a "arte de morrer".
Atores em cena no espetáculo-Foto:Renata Porto
Um escritor e um carrasco, encontro insólito que por si só é revelador de uma situação de exceção.
O ofício do primeiro traduz o exercício da liberdade, o do segundo a eliminação mais radical da liberdade de viver. Um, luta contra o sistema, o outro, é o eixo silencioso em redor do qual a terrível roda do sistema se move. Um é um artista da vida, o outro um burocrata da morte.
Desse encontro se desenvolve a peça sem se deixar levar por nenhum tipo de maniqueísmo. O diálogo deixa de lado qualquer ideologismo e caminha para uma dimensão do próprio entendimento do sentido dessas nossas vidas. Os personagens, surpreendentemente, encaram essa jornada de entendimento que só a proximidade da morte nos proporciona.
O espetáculo está sendo preparado entrando em acordo e participando dessa discussão que o texto de Dürrenmatt propõe. Um espaço íntimo - pois é a nossa intimidade que é brutalmente invadida pelo carrasco - a diversidade de caminhos na clara referência às escadas de Escher e o espaço criativo do escritor são os elementos inspiradores do cenário, que assim como os figurinos, não devem se fixar em nenhuma época muito determinada.
A Iluminação e a trilha sonora seguem a mesma proposta de se atingir a “menor grandeza” dos elementos utilizados para se potencializar a contundência poética. Ao definir o casting decidimos não aceitar o óbvio e optamos por Ailton Graça para interpretar o Escritor e Celso Frateschi para o papel do Carrasco. No racismo de nossa sociedade, nas nossas primeiras conversas com as pessoas sobre o projeto o contrário era tido como o “natural”.
Há trinta anos, Roberto Lage dirigiu uma montagem desse mesmo texto de Dürrenmatt tendo Celso Frateschi como Escritor e Francisco Solano como Carrasco. Frateschi ganhou o prêmio Shell por sua interpretação. Reler o texto em momento tão diferente do nosso país, revela a potência do teatro de Dürrenmatt capaz de iluminar aspectos do humano em épocas tão diferentes.
Aílton Graça e Celso Frateschi-Foto:Renata Porto
Ficha Técnica
Texto: Friedrich Durrenmatt
Direção: Roberto Lage
Elenco: Ailton Graça e Celso Frateschi
Cenário e Figurino: Sylvia Moreira
Assistente de Direção: Rodrigo Ramos
Direção de movimento: Vivien Buckup
Cenotécnico: Luis Carlos Rossi
Iluminação: Osvaldo Gazotti e Roberto Lage
Costureira: Judite de Lima
Operação de luz: Osvaldo Gazotti
Debatedores: Welington Andrade e Renan Quinalha Trilha Original: Daniel Maia
Foto: João Caldas Projeto Gráfico: T.W.O. Administração: Maurício Inafre
Informações: